AS ORIGENS DA FESTA DE NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS

02/02/2016 19:29

Dia 02 de fevereiro é dia de festa de Nossa Sra. das Candeias também. Na religião católica era originalmente representada como Nossa Sra. da Purificação, no preceito da Lei de Moisés que determinava que todo filho homem fosse apresentado no templo 40 dias após o seu nascimento. Também a sua mãe, então considerada impura após o parto e por isso deveria ser purificada.

Nossa Senhora da Purificação é no calendário hagiólogo, ou litúrgico dos santos, desde remotas eras, o santo do dia correspondente ao 2 de fevereiro e na Bahia não é diferente. O Almanaque da Província da Bahia de 1812, editado na Tipografia Serva já destacava a efeméride mariana com essa denominação.

Mas é o Almanaque para o ano de 1845, também editado na oficina da viuva Serva e Filhos, que detalha as celebrações então realizadas nas freguesias do Estado: “Domingo da Quinquagésima Purificação de Nossa Senhora nos Conventos do Carmo, Festa de Nossa Senhora da Saúde e Glória na sua  capela de Nossa Senhora da Vitória, na sua matriz, com procissão à tarde e de São Gonçalo na Igreja do Bonfim. Festa de Nossa Senhora por 3 dias na cidade de Santo Amaro”.

Nenhuma referência, portanto, à festa de Nossa Sra. das Candeias realizada na capela do município da Região Metropolitana, então um distrito da freguesia de Encarnação do Passé, o que nos leva a crer que a tradicional romaria e a procissão solene dos fiéis com velas acessas não existia ainda, pelo menos formalmente. Candeias era, então, um distrito acessível apenas pelo mar, ou a cavalo, por trilhas estreitas, praticamente desabitado; segundo Vilhena, no seu mapa do arcebispado da Bahia de finais do século XVIII, toda a freguesia de Nossa Senhora da Encarnação do Passé tinha apenas 2.497 almas.

Se não há referências concretas sobre as origens da festa de Nossa Sra. das Candeias, do ponto de vista da cronologia, é certo que a devoção nasce a partir do relato do milagre no córrego do Engenho Pitanga e que motivou a construção pelos jesuítas da ermida, no local onde hoje está a igreja, em 1643. E em algum momento a busca da água da fonte milagrosa e mais a melhora das comunicações, facilitando o acesso, provavelmente na segunda metade do século XIX, é que torna-se recorrente a romaria.

Chama a atenção nos cantos tradicionais dos romeiros de meados do século XX, alusões aos homens do mar: “Deus vos salve, Mãe de Deus/Das Candeias invocada/Amparo dos pescadores/Neste monte colocada”. Ou este outro: “De longe somos chegados/Transpondo terras e mar/Somente para os vossos pés/Prostrados, hoje, beijar”.

Essa tradição nos remete ao costume dos romeiros que vinham de toda a Bahia em jangadas e saveiros para pagar promessa e agradecer os milagres da santa. Tradição também representada na iconografia dos ex-votos de “Toilette de Flora”, o célebre artista popular, da sala dos milagres da igreja de Nossa Sra. das Candeias. É o caso do quadro aqui reproduzido com o detalhe de um grande peixe, alusivo a um naufrágio; os ocupantes da jangada invocando a imagem protetora de Nossa Senhora.

As ilustrações deste post são da autoria do artista plástico Carybé para o livro “Bahia. Imagem da terra e do povo” de Odorico Tavares, 1951, que naqueles idos assim descreveu a festa: “vão todos expressando o sentido de sua viagem, muitas vezes longas, de terras distantes… Cumpridas as obrigações, havido o descanso necessário das longas caminhadas, quer nas modestas hospedarias locais, ou mesmo no pátio acolhedor da igreja, os romeiros cantam a despedida: “Adeus minha mãe, adeus!/Adeus, senhora da luz/Adeus, virgem das Candeias/Adeus, mãe de Jesus”

 

Fonte: Memórias da Bahia 

 

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