PRÉDIO DE 24 ANDARES DESABA APÓS INCÊNDIO NO CENTRO DE SP; ACOMPANHE A COBERTURA AO VIVO E CONFIRA VÍDEO

01/05/2018 21:55

O edifício, que ficava na avenida Rio Branco, na região do Largo do Paissandu, era ocupado por um movimento social de defesa ao direto a moradia. – Direitos reservados Corpo de Bombeiros de São Paulo

 

Um prédio de 24 andares pegou fogo e desabou na região do Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo, na madrugada desta terça-feira (1º). O local era uma ocupação irregular, e moradores afirmam que o fogo começou por volta da 1h30 no 5º andar e se espalhou rapidamente pela estrutura.

Imagens do cinegrafista Abiatar Arruda mostram que os bombeiros tentavam resgatar um morador na hora que o prédio desabou (veja vídeo aqui). Ricardo, de cerca de 30 anos, teria saído do prédio quando o fogo começou, mas voltou para ajudar pessoas que estavam nos andares mais altos.

 

 

TEMPO REAL: Acompanhe a cobertura ao vivo do incêndio em SP

 

 

  • Ainda não há balanço oficial de vítimas, mas bombeiros não descartam a possibilidade de haver mais desaparecidos.
  • Incêdio afetou dois prédios vizinhos, que não têm risco de desabar.
  • A região está isolada, há interdições no trânsito e linhas de ônibus foram desviadas.
  • A queda do prédio destruiu também grande parte de uma Igreja Luterana.
  • Segundo a prefeitura, 248 pessoas estão sendo atendidas pela assistência social.
  • Prefeito estima que trabalho de retirada dos escombros deve durar uma semana.
  • Peritos de criminalística analisam o local para descobrir o que causou o fogo.

Desabamento

O coronel Max Mena, do Corpo de Bombeiros, afirmou que o homem que caiu quando o prédio desabou já estava com equipamento de segurança para ser resgatado. Ainda na madrugada, ele chegou a ser considerado morto, mas depois os bombeiros esclareceram que fariam buscas.

No meio da manhã, a corda e o cinto usados para resgatar a vítima foram encontrados nos escombros, e cães farejadores vasculham a área.

GALERIA: Veja imagens do local do incêndio

"A experiência diz que não é fácil encontrar alguém com vida", comentou o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros em São Paulo. Os bombeiros chegaram a dizer que havia possibilidade de outras três pessoas estarem desaparecidas, mas ainda não foi divulgado um balanço oficial.

Peritos do Instituto de Criminalística de São Paulo analisam dois botijões de gás e outros objetos encontrados nos escombros para tentar descobrir como as chamas começaram.

Palumbo disse que outras hipóteses serão apuradas, como curto-circuito. "Só análises aprofundadas dirão o que causou", afirmou o porta-voz dos bombeiros.

Moradores

De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social, as famílias que estavam no prédio foram atendidas, e a intenção é levá-las para um centro de acolhimento da prefeitura.

Habitavam o prédio 372 pessoas, de 146 famílias, segundo o Corpo de Bombeiros. Dessas, 44 pessoas ainda não foram localizadas --o que não significa necessariamente que todas estivessem no prédio.

Os moradores relataram momentos de pânico ao serem surpreendidos na madrugada com o fogo se espalhando pelo prédio, e precisaram sair correndo do local. Uma moradora que preferiu não se identificar afirmou que viu cerca de 10 pessoas subindo as escadas em vez de descer, pois achavam que o resgate iria ocorrer pelo alto.

"Eu ouvi o barulho dos vidros caindo e pensei que era chuva. Quando nós estávamos na rua, que eu virei, o fogo já estava tomando conta, a chama já estava subindo", disse outra moradora da ocupação.

Crivalda, que vivia no 3º andar, contou que acordou com os gritos do marido e só teve tempo de pegar o filho de 4 anos e os documentos antes de sair do prédio.

"Eu estava dormindo, acordei meu marido gritando 'fogo, fogo, fogo'. Peguei meu filho e saí. Não consegui salvar os documentos dele, consegui salvar só os meus. Estou aqui no meio da rua, com roupa de dormir, sem nada."

Segundo Crivalda, que estava na ocupação há um ano, os moradores separavam os lares com chapas de madeiras compensada.

"Eu tinha medo, mas não tinha como morar em outro lugar", afirmou.

O carroceiro João de Jesus Santos, de 52 anos, também morava no 3º andar e conseguiu salvar a mulher, os cinco filhos e a cachorra da família. O celular e a carroça usada para catar latinhas foram perdidos no fogo. Ele diz que há cinco anos morava na ocupação e que estava na rua quando ouviu a primeira explosão.

"Subi correndo. Minha família estava dormindo e eu disse: 'filha, filha, filha, vamos descer! O prédio está pegando fogo'", contou.

O edifício alto e todo revestido de vidro ficava na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Antônio de Godói e já abrigou uma repartição pública e a sede da Polícia Federal em SP. Segundo os bombeiros, a condição do prédio contribuiu para que as chamas se espalhassem rapidamente.

"[...] Tinha muito material combustível: madeira, papel, papelão, algo que fez com que essa chama se propagasse com rapidez. E a própria estrutura do prédio, sem os elevadores, formando essa chaminé, fez com que causasse o incêndio de forma generalizada na edificação", disse o porta-voz dos bombeiros.

Segundo nota da Prefeitura de São Paulo, no dia 10 de março, a Secretaria de Habitação cadastrou cerca de 150 famílias, com 400 pessoas, ocupantes do prédio. Desse total, 25% são famílias estrangeiras.

Esse cadastro foi realizado para identificar a quantidade de famílias, o grau de vulnerabilidade social e a necessidade de encaminhamento à rede assistencial.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou que o trabalho para a remoção total dos escombros deve durar uma semana.

Michel Temer esteve no local do incêndio no meio da manhã, foi hostilizado por pessoas que acompanhavam os trabalhos de resgate e teve que ir embora. Ao falar brevemente com a imprensa, o presidente descreveu a situação como "dramática".

Buscas

Após controlar incêndio, bombeiros fazem rescaldo no prédio – Rovena Rosa/Agência Brasil

 

Já de manhã, os bombeiros trabalhavam para combater os últimos focos de incêndio e cães farejadores faziam buscas por possíveis vítimas nos escombros. No início da tarde, eram 130 homens com 40 viaturas, segundo o Corpo de Bombeiros.

Ricardo, o homem que estava sendo resgatado quando o prédio caiu, é considerado desaparecido, mas a corporação afirmou que as chances de ele ser encontrado vivo são pequenas. "Se tivesse mais 30 ou 40 segundos teria conseguido", disse o bombeiro que tentou salvá-lo.

A corporação afirmou que a busca era feita removendo partes menores de escombros com as mãos por causa da possibilidade de haver vítimas. Segundo o tenente André Elias, o prédio ao lado atingido pelo fogo não corre risco de desabamento, e todos os moradores foram retirados do local.

O trabalho inicial dos Bombeiros vai se concentrar na refrigeração da estrutura que caiu. Só após 48 horas vão começar a mexer nos escombros com maquinário, para não afetar possíveis sobreviventes. Enquanto isso, buscas serão feitas com cães farejadores e sensores de calor.

Foram feitas cinco interdições de prédios no entorno. A Prefeitura disse que ainda vai informar as ruas que ficarão interditadas nos próximos 15 dias para a remoção dos escombros.

"Tinha chegado em casa, estava me preparando para tomar banho e a vizinha veio falando para todo mundo descer. No que a gente desceu, metade do meu prédio já estava na rua, tinha galera pulando, muito triste", afirmou Victor Hinckel, morador de um dos edifícios da região.

 

Infográfico mostra detalhes do edifício que desabou após pegar fogo no centro de SP (Foto: Juliane Monteiro/G1)

 

"A gente achou que o fogo fosse terminar assim que os bombeiros chegassem", afirmou.

Há interdições no trânsito entre a Avenida Rio Branco e a Rua Antônio de Godói, na região central. Equipes do Samu, da Defesa Civil, da Companhia de Engenharia de Tráfego e da Polícia Militar também atuam na ocorrência.

 

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Fonte: G1

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